quinta-feira, 19 de novembro de 2009

O que Seria Necessário para Provar Eleição e Reprovação?



Rev. Angus Stewart

Algumas pessoas perguntam se a Bíblia ensina a predestinação absoluta: a eleição incondicional de Deus de alguns pecadores para a salvação eterna em Jesus Cristo e Sua reprovação incondicional dos outros pecadores para destruição eterna no caminho de seus pecados.

O que seria necessário para provar isto? E se Deus em Sua Palavra nos contasse de meninos gémeos no ventre de sua mãe, e dissesse que eles eram antes mesmo de nascerem - e, portanto, antes que eles pudessem crer ou não crer, ou fazer boas obras ou más obras – que um era o objecto do amor de Deus e eleição, enquanto o outro era odiado?

E se um apóstolo, antecipando objecções a isto, negasse enfaticamente que Deus é injusto ao fazê-lo, e citou Antigo Testamento para provar a soberania absoluta da misericórdia e compaixão de Deus, e afirmasse que a salvação não é do livre arbítrio do homem ou dos esforços do homem mas unicamente da misericórdia divina?

E se o Espírito Santo, sabendo muito bem as objecções do homem caído a este ensino, passasse a dar um conhecido exemplo do Antigo Testamento de um homem a quem Deus endureceu e destruiu a fim de mostrar a força do seu nome glorioso? E se Ele, então, afirmasse a soberania absoluta do endurecimento divino e, repreendendo aqueles que acham falhas nos caminhos de Deus, ensinasse que Deus é o grande oleiro que pode fazer o que Ele quer com os vasos Ele faz, destruindo alguns e trazendo outros à glória?

Este é exactamente o que nós temos em Romanos 9:10-24. Se alguém quer saber se a Bíblia ensina a eleição incondicional e reprovação incondicional, deveriam olhar e ler esta passagem.


http://soberanagraca.blogspot.com

segunda-feira, 16 de novembro de 2009

A Gangrena Preterista - Parte I (Martyn McGeown)


Conteúdo:
I. Introdução
II. Diagnóstico: Gangrena!
III. Prognóstico
IV. Cura
V. Conclusão

I. Introdução
O Apóstolo Paulo alerta em II Timóteo 2:17-18 acerca de dois falsos mestres na igreja em Éfeso. Estes dois heréticos, Himeneu e Fileto, eram preteristas. Eles ensinavam que o grande evento escatológico da ressurreição dos mortos já tinha acontecido. Ao fazer isto eles perverteram a fé de alguns na igreja (v. 18). Paulo avisa Timóteo que a heresia, e esta heresia preterista em particular, iria roer “como um canker” (v. 17). A palavra "canker" significa gangrena. O aviso é claro. A heresia alastra-se. Alastra-se como uma gangrena, a morte de tecidos mortos resultando em carne negra, putrefacta e mal-cheirosa. A gangrena sem tratamento espalha-se ao longo do membro afectado e leva à morte do corpo. Normalmente o único remédio é o amputar da área morta.

O preterismo é a heresia que sustenta que grande parte ou todos os eventos escatológicos profetizados na Escritura foram já realizados no passado. Pós-milenistas, que vislumbram uma "Era Dourada" para a Igreja na qual o mundo é Cristianizado, relegam as profecias do Novo Testamento a respeito da Grande Tribulação e perseguição da Igreja, a ameaçadora e generalizada apostasia da verdade, e o aparecimento do Anticristo ao passado. Estes eventos foram cumpridos, dizem os pós-milenistas, em 70 dc, quando Jerusalém e o Templo foram destruídos pelos romanos. Alguns são preteristas moderados, parciais e inconsistentes. Completos, extremistas, consistentes ou hiper-preteristas relegam não só aquelas profecias ao passado, mas também ensinam que todas as profecias do Novo Testamento, incluindo a ressurreição dos mortos (que eles, como Himeneu e Fileto, espiritualizam), o julgamento final e até a Segundo Advento de Jesus Cristo ocorreu em 70 DC. Não há portanto nenhuma futura vinda de Cristo no fim do mundo. Nós estamos já nos novos céus e na nova terra na qual os justos habitam (2 Pedro 3:13). Este mundo irá provavelmente existir para sempre, ou, se não durar eternamente, a Bíblia não tem nada a nos dizer acerca do futuro.

Como o preterismo e a gangrena estão relacionados? Este texto irá expor o preterismo dos modernos pós-milenistas, especialmente os reconstrucionistas. Vamos concentrar nossa atenção no movimento Reconstrucionista porque os homens desse movimento são os autores mais prolíficos no campo do Pós-milenismo e os maiores opositores do Amilenismo Reformado, que eles ridicularizam como escatologia pessimista ou "pessimilenialismo". Figuras representativas nesse movimento são Gary North, Gary DeMar, Kenneth L. Gentry, Jr., e David Chilton. Este artigo vai argumentar que o seu preterismo está se espalhando como uma gangrena através do corpo da verdade Reformada, devorando doutrinas vitais e textos-chave, levando eventualmente e, inexoravelmente, a um explosivo hiper-preterismo. Por agora os pós-milenistas modernos estão resistindo ao hiper-preterismo, mas este texto irá defender que eventualmente o seu sistema deve entrar em colapso sob a sua própria inconsistência. Ele deve sucumbir à gangrena da heresia de Fileto e Himeneu.

domingo, 1 de novembro de 2009

Mais 10 objeções contra 10 razões do testemunho do convertimento de Dave Armstrong ao catolicismo romano. (Continua na próxima postagem)

Baseado no artigo “150 RAZÕES PORQUE ME TORNEI UM CATÓLICO, Testemunho de Conversão de Dave Armstrong”.

O artigo inicia assim:

Depois de se enveredar na busca pela verdade, Dave Armstrong é recebido na Igreja Católica, em 1992 junto com sua esposa Judy. Eis alguns motivos porque deixou o protestantismo.

CONTINUAÇÃO de 11 a 20:


11. O Catolicismo rejeita a “Igreja Estatal” que conduziu os governos a dominar politicamente o Cristianismo.

Objeção 11. Não existe igreja mais estatal em essência do que a Igreja Romana, o Vaticano é uma cidade-estado. Os papas reinavam sobre a maioria dos Estados da Europa. Enquanto as Igrejas Nacionais Protestantes (consideradas estatais) sempre lutaram pela conservação de independência da Igreja perante a política. O Estado Laico foi defendido por muitos protestantes.

O capítulo 23, seção 3, da Confissão de Fé de Westminster, afirma:

Os magistrados civis não podem tomar sobre si a administração da palavra e dos sacramentos ou o poder das chaves do Reino do Céu, nem de modo algum intervir em matéria de fé; contudo, como pais solícitos, devem proteger a Igreja do nosso comum Senhor, sem dar preferência a qualquer denominação cristã sobre as outras, para que todos os eclesiásticos sem distinção gozem plena, livre e indisputada liberdade de cumprir todas as partes das suas sagradas funções, sem violência ou perigo. Como Jesus Cristo constituiu em sua Igreja um governo regular e uma disciplina, nenhuma lei de qualquer Estado deve proibir, impedir ou embaraçar o seu devido exercício entre os membros voluntários de qualquer denominação cristã, segundo a profissão e crença de cada uma. E é dever dos magistrados civis proteger a pessoa e o bom nome de cada um dos seus jurisdicionados, de modo que a ninguém seja permitido, sob pretexto de religião ou de incredulidade, ofender, perseguir, maltratar ou injuriar qualquer outra pessoa; e bem assim providenciar para que todas as assembléias religiosas e eclesiásticas possam reunir-se sem ser perturbadas ou molestadas.
Heb. 5:4; II Cron. 26:18; Mat. 16:19; I Cor. 4:1-2; João 15:36; At. 5:29; Ef. 4:11-12; Isa. 49:23; Sal. 105:15; 11 Sam.23:3


12. Protestantes de Igrejas Estatais influenciaram a elevação do nacionalismo que mitigou contra a igualdade e o Cristianismo universal.

Objeção 12. As Igrejas Estatais tornaram-se uma forma imediata de salvaguardar as doutrinas fundamentais da Reforma Protestante, pois de outro modo as Igrejas Protestantes seriam esmagadas pelo poder político-religioso da Igreja Romana, assim como perseguiram e exterminaram os Valdenses, Albigenses, Hussitas, Huguenotes e outros antes das Igrejas Estatais.

A sangrenta Guerra dos 30 Anos (1618-1648) é prova que os territórios divididos entre católicos romanos e protestantes necessitavam tornar-se estatais. Com o passar do tempo e com uma maior liberdade religiosa (conquistada pelos protestantes) o erro em considerar todo cidadão de um Estado um membro da Igreja de Cristo foi sendo corrigido por muitos grupos protestantes, a exemplo dos Puritanos não-conformistas na Inglaterra.

O Cristianismo Universal é concretizado pela crença em Jesus Cristo através do Sola Scriptura, não através da Igreja como uma “grande arca”. A Palavra de Deus está acima da Igreja.



13. A Cristandade católica unificada – antes do século XVI não tinha sido infestada pelas trágicas guerras religiosas.

Objeção 13. Obviamente seu poder era maior e seu foco era as Cruzadas contra os Muçulmanos. Qualquer um dentro da “arca da igreja romana” que se atrevesse a dizer a verdade bíblica era imediatamente sufocado, caso de John Huss, Tomas Cramer, John Wycliffe, Latimer e outros anônimos martirizados. O Massacre de São Bartolomeu em 1572 fora fruto de uma traição maquinada por Católicos Romanos, o que poderiam fazer os Huguenotes (calvinistas franceses) sobreviventes a não ser buscar refúgio em igrejas protestantes protegidas por Estados?


14. O Catolicismo retém os elementos do mistério, do sobrenatural e do sagrado no Cristianismo, se opondo assim à secularização onde a esfera do religioso em vida se torna muito limitada.

Objeção 14. O Protestantismo Ortodoxo perde seu significado se retirar o sobrenatural e o sagrado do Cristianismo. Se tirarmos o sobrenatural do Cristianismo este se desfaz. O cristianismo liberal fez uma tentativa de eliminar a intervenção sobrenatural da religião cristã por influência do Iluminismo, mas NUNCA o protestantismo histórico! Sem o sobrenatural o cristianismo morre, pois a centralidade da mensagem apostólica está na morte e no milagre da ressurreição de Cristo.

Quanto ao sagrado, o conceito teológico de dicotomia sagrado-secular é antibíblico. Os reformadores derrubaram a noção de que sacerdotes romanos exerciam um trabalho mais santo do que um trabalhador comum. Todos os aspectos da vida são de Deus. “A ação de um pastor em guardar ovelhas... é um trabalho tão bom diante de Deus como a ação de um juiz ao sentenciar, ou um magistrado ao regulamentar, ou de um ministro ao pregar”. (William Perkins)

O Protestantismo Ortodoxo reconhece Deus no mundo, deve haver um desejo de servir Deus no mundo, em cada posição da vida.


15. O individualismo protestante conduziu à privatização do Cristianismo, por meio do que é pouco respeitado em vida de sociedade e política, deixando o “quadro público” estéril de influência Cristã.

Objeção 15. Sem o Protestantismo o livre desenvolvimento das nações, como visto na Europa e América do Norte, teria sido impedido. A velha hierarquia romanista não foi páreo para o reavivamento da ciência e da arte promovido pelo Protestantismo da Europa Ocidental. A influência Calvinista produziu filantropia e engrandeceu os valores morais na sociedade e na política do Ocidente.

O Protestantismo Calvinista influenciou poderosamente a civilização Ocidental. A fundamentação dos estados liberais modernos que sustentam a economia mundial é derivada do Protestantismo. O princípio da autoridade estatal descentralizada, educação pública gratuita, governo representativo e economia capitalista de livre mercado.

O pensamento calvinista é também uma das bases do estilo de vida pós-medieval. Valorização do trabalho, modelo de organização com poder descentralizado, valores cristãos e sacerdotais na vida comum, valorização do indivíduo e políticas anti-clericais são encontradas em seu pensamento e estão muito presentes no estilo ocidental moderno e atual. [http://cowboypopgun.web.br.com/2009/07/07/joao-calvino-500-anos/]

No cenário de formação do Novo Mundo, o Calvinismo é responsável pela fundação dos EUA, um país que foi construído essencialmente por calvinistas.
O calvinismo também é conhecido pela ênfase na educação. A Genebra influenciada por Calvino foi pioneira em iniciativas de educação universal. Calvino foi fundador da Universidade de Genebra e os calvinistas pelo mundo fundaram muitas outras universidades de prestígio, entre elas a Universidade de Princeton, a Universidade de Harvard e a Universidade de Yale.



16. A falsa dicotomia secular protestante conduziu cristãos a se comprometerem, em geral, com políticas vazias. O Catolicismo oferece um vigamento no qual chega a responsabilidade estatal e cívica.

Objeção 16. Responsabilidade estatal e cívica não é privilégio nem exclusividade do Catolicismo Romano. O Protestantismo Ortodoxo exalta a Liberdade Cristã e a Liberdade de Consciência. Isto implica em dizer o que assevera a Confissão de Fé de Westminster (cap. 20, § 2,4):

Só Deus é senhor da consciência, e ele deixou livre das doutrinas e mandamentos humanos que em qualquer coisa, sejam contrários à sua palavra ou que, em matéria de fé ou de culto estejam fora dela. Assim crer tais doutrinas ou obedecer a tais mandamentos como coisa de consciência é trair a verdadeira liberdade de consciência; e requerer para elas fé implícita e obediência cega e absoluta é destruir a liberdade de consciência e a mesma razão.
Rom. 14:4, 10; Tiago 4:12; At. 4:19, e 5:29; Mat. 28:8-10; Col. 2:20-23; Gal. 1: 10, e 2:4-5, e 4:9-10, e 5: 1;. Rom, 14:23; At. 17:11; João 4:22; Jer. 8:9; I Ped. 3: 15.

Visto que os poderes que Deus ordenou, e a liberdade que Cristo comprou, não foram por Deus designados para destruir, mas para que mutuamente nos apoiemos e preservemos uns aos outros, resistem à ordenança de Deus os que, sob pretexto de liberdade cristã, se opõem a qualquer poder legítimo, civil ou religioso, ou ao exercício dele. Se publicarem opiniões ou mantiverem práticas contrárias à luz da natureza ou aos reconhecidos princípios do Cristianismo concernentes à fé, ao culto ou ao procedimento; se publicarem opiniões, ou mantiverem práticas contrárias ao poder da piedade ou que, por sua própria natureza ou pelo modo de publicá-las e mantê-las, são destrutivas da paz externa da Igreja e da ordem que Cristo estabeleceu nela, podem, de justiça ser processados e visitados com as censuras eclesiásticas.
I Ped. 2:13-16; Heb. 13:17; Mat. 18:15-17; II Tess.3:14; Tito3:10; I Cor. 5:11-13; Rom. 16:17; II Tess. 3:6.



17. O Protestantismo se apóia muito em meras tradições de homens (toda denominação origina da visão de um fundador. Assim que dois ou mais destes se contradizem um ao outro, o erro está presente).

Objeção 17. Por princípio o Protestantismo não apoia-se em meras tradições de homens. A autoridade deriva das Escrituras e não depende nem de homens nem da Igreja, assim observa a CFW, cap. 1, § 4, 10:

A autoridade da Escritura Sagrada, razão pela qual deve ser crida e obedecida, não depende do testemunho de qualquer homem ou igreja, mas depende somente de Deus (a mesma verdade) que é o seu autor; tem, portanto, de ser recebida, porque é a palavra de Deus.

II Tim. 3:16; I João 5:9, I Tess. 2:13.

X. O Juiz Supremo, pelo qual todas as controvérsias religiosas têm de ser determinadas e por quem serão examinados todos os decretos de concílios, todas as opiniões dos antigos escritores, todas as doutrinas de homens e opiniões particulares, o Juiz Supremo em cuja sentença nos devemos firmar não pode ser outro senão o Espírito Santo falando na Escritura.
Mat. 22:29, 3 1; At. 28:25; Gal. 1: 10.


18. Igrejas protestantes, de um modo geral, são culpadas em colocar os pastores num pedestal muito alto. Por causa disso, congregações evangélicas experimentam uma severa crise, dividindo-se em outras quando um pastor vai embora, provando-se que suas filosofias e doutrinas são centradas no homem, em lugar de Deus.

Objeção 18. Não há pedestal mais alto do que o do Papa da igreja romana. O endeusamento do homem é um erro condenado pelo Protestantismo Ortodoxo. A Ética Protestante não apoia a exaltação de pastores, e sim a humildade do serviço e toda glória somente a Deus.


19. O Protestantismo, devido à falta da real autoridade e estrutura dogmática, vem se diluindo a cada dia, surgindo então milhares e milhares de denominações. Existem hoje, 33.800 denominações religiosas, cada uma ensinando coisas opostas às outras.

Objeção 19. Este é o preço da liberdade do livre-exame. A Igreja não só é uma instituição, mas como assevera a CFW cap. 25, § 1:

I. A Igreja Católica ou Universal, que é invisível, consta do número total dos eleitos que já foram, dos que agora são e dos que ainda serão reunidos em um só corpo sob Cristo, seu cabeça; ela é a esposa, o corpo, a plenitude daquele que cumpre tudo em todas as coisas.
Ef. 1: 10, 22-23; Col. 1: 18.

Nem todas as chamadas igrejas cristãs são de Cristo, pois a verdadeira Igreja tem suas marcas características, que são: a pregação fiel da Palavra, a correta ministração dos sacramentos e a disciplina eclesiástica. Este é o dogma da Igreja visível.

Como tal, a Igreja se apresenta sobre a terra como Congregações Locais de Crentes; grupos de Confessores vivendo em obediência a Cristo e não ao Papa, usurpador dos atributos de Cristo.



20. O Catolicismo retém a Sucessão Apostólica, necessária para saber o que é a verdadeira Tradição Apostólica. Era o critério da verdade usado pelos primeiros Cristãos.

Objeção 20. A Igreja Católica Romana não pode apoderar-se do que chama de verdadeira Tradição Apostólica quando a sua doutrina está crivada de erros grosseiros. Não há Primazia de Pedro como Papa, isto é um erro exegético primário. Pedro nunca foi Papa, nem este é o representante de Cristo na terra.

CFW, 25.6. Não há outro Cabeça da Igreja senão o Senhor Jesus Cristo; em sentido algum pode ser o Papa de Roma o cabeça dela, mas ele é aquele anticristo, aquele homem do pecado e filho da perdição que se exalta na Igreja contra Cristo e contra tudo o que se chama Deus.
Col. 1:18; Ef. 1:22; Mat. 23:8-10; I Ped. 5:2-4; II Tess. 2:3-4.


Por Raniere Menezes

quinta-feira, 19 de novembro de 2009

O que Seria Necessário para Provar Eleição e Reprovação?



Rev. Angus Stewart

Algumas pessoas perguntam se a Bíblia ensina a predestinação absoluta: a eleição incondicional de Deus de alguns pecadores para a salvação eterna em Jesus Cristo e Sua reprovação incondicional dos outros pecadores para destruição eterna no caminho de seus pecados.

O que seria necessário para provar isto? E se Deus em Sua Palavra nos contasse de meninos gémeos no ventre de sua mãe, e dissesse que eles eram antes mesmo de nascerem - e, portanto, antes que eles pudessem crer ou não crer, ou fazer boas obras ou más obras – que um era o objecto do amor de Deus e eleição, enquanto o outro era odiado?

E se um apóstolo, antecipando objecções a isto, negasse enfaticamente que Deus é injusto ao fazê-lo, e citou Antigo Testamento para provar a soberania absoluta da misericórdia e compaixão de Deus, e afirmasse que a salvação não é do livre arbítrio do homem ou dos esforços do homem mas unicamente da misericórdia divina?

E se o Espírito Santo, sabendo muito bem as objecções do homem caído a este ensino, passasse a dar um conhecido exemplo do Antigo Testamento de um homem a quem Deus endureceu e destruiu a fim de mostrar a força do seu nome glorioso? E se Ele, então, afirmasse a soberania absoluta do endurecimento divino e, repreendendo aqueles que acham falhas nos caminhos de Deus, ensinasse que Deus é o grande oleiro que pode fazer o que Ele quer com os vasos Ele faz, destruindo alguns e trazendo outros à glória?

Este é exactamente o que nós temos em Romanos 9:10-24. Se alguém quer saber se a Bíblia ensina a eleição incondicional e reprovação incondicional, deveriam olhar e ler esta passagem.


http://soberanagraca.blogspot.com

segunda-feira, 16 de novembro de 2009

A Gangrena Preterista - Parte I (Martyn McGeown)


Conteúdo:
I. Introdução
II. Diagnóstico: Gangrena!
III. Prognóstico
IV. Cura
V. Conclusão

I. Introdução
O Apóstolo Paulo alerta em II Timóteo 2:17-18 acerca de dois falsos mestres na igreja em Éfeso. Estes dois heréticos, Himeneu e Fileto, eram preteristas. Eles ensinavam que o grande evento escatológico da ressurreição dos mortos já tinha acontecido. Ao fazer isto eles perverteram a fé de alguns na igreja (v. 18). Paulo avisa Timóteo que a heresia, e esta heresia preterista em particular, iria roer “como um canker” (v. 17). A palavra "canker" significa gangrena. O aviso é claro. A heresia alastra-se. Alastra-se como uma gangrena, a morte de tecidos mortos resultando em carne negra, putrefacta e mal-cheirosa. A gangrena sem tratamento espalha-se ao longo do membro afectado e leva à morte do corpo. Normalmente o único remédio é o amputar da área morta.

O preterismo é a heresia que sustenta que grande parte ou todos os eventos escatológicos profetizados na Escritura foram já realizados no passado. Pós-milenistas, que vislumbram uma "Era Dourada" para a Igreja na qual o mundo é Cristianizado, relegam as profecias do Novo Testamento a respeito da Grande Tribulação e perseguição da Igreja, a ameaçadora e generalizada apostasia da verdade, e o aparecimento do Anticristo ao passado. Estes eventos foram cumpridos, dizem os pós-milenistas, em 70 dc, quando Jerusalém e o Templo foram destruídos pelos romanos. Alguns são preteristas moderados, parciais e inconsistentes. Completos, extremistas, consistentes ou hiper-preteristas relegam não só aquelas profecias ao passado, mas também ensinam que todas as profecias do Novo Testamento, incluindo a ressurreição dos mortos (que eles, como Himeneu e Fileto, espiritualizam), o julgamento final e até a Segundo Advento de Jesus Cristo ocorreu em 70 DC. Não há portanto nenhuma futura vinda de Cristo no fim do mundo. Nós estamos já nos novos céus e na nova terra na qual os justos habitam (2 Pedro 3:13). Este mundo irá provavelmente existir para sempre, ou, se não durar eternamente, a Bíblia não tem nada a nos dizer acerca do futuro.

Como o preterismo e a gangrena estão relacionados? Este texto irá expor o preterismo dos modernos pós-milenistas, especialmente os reconstrucionistas. Vamos concentrar nossa atenção no movimento Reconstrucionista porque os homens desse movimento são os autores mais prolíficos no campo do Pós-milenismo e os maiores opositores do Amilenismo Reformado, que eles ridicularizam como escatologia pessimista ou "pessimilenialismo". Figuras representativas nesse movimento são Gary North, Gary DeMar, Kenneth L. Gentry, Jr., e David Chilton. Este artigo vai argumentar que o seu preterismo está se espalhando como uma gangrena através do corpo da verdade Reformada, devorando doutrinas vitais e textos-chave, levando eventualmente e, inexoravelmente, a um explosivo hiper-preterismo. Por agora os pós-milenistas modernos estão resistindo ao hiper-preterismo, mas este texto irá defender que eventualmente o seu sistema deve entrar em colapso sob a sua própria inconsistência. Ele deve sucumbir à gangrena da heresia de Fileto e Himeneu.

domingo, 1 de novembro de 2009

Mais 10 objeções contra 10 razões do testemunho do convertimento de Dave Armstrong ao catolicismo romano. (Continua na próxima postagem)

Baseado no artigo “150 RAZÕES PORQUE ME TORNEI UM CATÓLICO, Testemunho de Conversão de Dave Armstrong”.

O artigo inicia assim:

Depois de se enveredar na busca pela verdade, Dave Armstrong é recebido na Igreja Católica, em 1992 junto com sua esposa Judy. Eis alguns motivos porque deixou o protestantismo.

CONTINUAÇÃO de 11 a 20:


11. O Catolicismo rejeita a “Igreja Estatal” que conduziu os governos a dominar politicamente o Cristianismo.

Objeção 11. Não existe igreja mais estatal em essência do que a Igreja Romana, o Vaticano é uma cidade-estado. Os papas reinavam sobre a maioria dos Estados da Europa. Enquanto as Igrejas Nacionais Protestantes (consideradas estatais) sempre lutaram pela conservação de independência da Igreja perante a política. O Estado Laico foi defendido por muitos protestantes.

O capítulo 23, seção 3, da Confissão de Fé de Westminster, afirma:

Os magistrados civis não podem tomar sobre si a administração da palavra e dos sacramentos ou o poder das chaves do Reino do Céu, nem de modo algum intervir em matéria de fé; contudo, como pais solícitos, devem proteger a Igreja do nosso comum Senhor, sem dar preferência a qualquer denominação cristã sobre as outras, para que todos os eclesiásticos sem distinção gozem plena, livre e indisputada liberdade de cumprir todas as partes das suas sagradas funções, sem violência ou perigo. Como Jesus Cristo constituiu em sua Igreja um governo regular e uma disciplina, nenhuma lei de qualquer Estado deve proibir, impedir ou embaraçar o seu devido exercício entre os membros voluntários de qualquer denominação cristã, segundo a profissão e crença de cada uma. E é dever dos magistrados civis proteger a pessoa e o bom nome de cada um dos seus jurisdicionados, de modo que a ninguém seja permitido, sob pretexto de religião ou de incredulidade, ofender, perseguir, maltratar ou injuriar qualquer outra pessoa; e bem assim providenciar para que todas as assembléias religiosas e eclesiásticas possam reunir-se sem ser perturbadas ou molestadas.
Heb. 5:4; II Cron. 26:18; Mat. 16:19; I Cor. 4:1-2; João 15:36; At. 5:29; Ef. 4:11-12; Isa. 49:23; Sal. 105:15; 11 Sam.23:3


12. Protestantes de Igrejas Estatais influenciaram a elevação do nacionalismo que mitigou contra a igualdade e o Cristianismo universal.

Objeção 12. As Igrejas Estatais tornaram-se uma forma imediata de salvaguardar as doutrinas fundamentais da Reforma Protestante, pois de outro modo as Igrejas Protestantes seriam esmagadas pelo poder político-religioso da Igreja Romana, assim como perseguiram e exterminaram os Valdenses, Albigenses, Hussitas, Huguenotes e outros antes das Igrejas Estatais.

A sangrenta Guerra dos 30 Anos (1618-1648) é prova que os territórios divididos entre católicos romanos e protestantes necessitavam tornar-se estatais. Com o passar do tempo e com uma maior liberdade religiosa (conquistada pelos protestantes) o erro em considerar todo cidadão de um Estado um membro da Igreja de Cristo foi sendo corrigido por muitos grupos protestantes, a exemplo dos Puritanos não-conformistas na Inglaterra.

O Cristianismo Universal é concretizado pela crença em Jesus Cristo através do Sola Scriptura, não através da Igreja como uma “grande arca”. A Palavra de Deus está acima da Igreja.



13. A Cristandade católica unificada – antes do século XVI não tinha sido infestada pelas trágicas guerras religiosas.

Objeção 13. Obviamente seu poder era maior e seu foco era as Cruzadas contra os Muçulmanos. Qualquer um dentro da “arca da igreja romana” que se atrevesse a dizer a verdade bíblica era imediatamente sufocado, caso de John Huss, Tomas Cramer, John Wycliffe, Latimer e outros anônimos martirizados. O Massacre de São Bartolomeu em 1572 fora fruto de uma traição maquinada por Católicos Romanos, o que poderiam fazer os Huguenotes (calvinistas franceses) sobreviventes a não ser buscar refúgio em igrejas protestantes protegidas por Estados?


14. O Catolicismo retém os elementos do mistério, do sobrenatural e do sagrado no Cristianismo, se opondo assim à secularização onde a esfera do religioso em vida se torna muito limitada.

Objeção 14. O Protestantismo Ortodoxo perde seu significado se retirar o sobrenatural e o sagrado do Cristianismo. Se tirarmos o sobrenatural do Cristianismo este se desfaz. O cristianismo liberal fez uma tentativa de eliminar a intervenção sobrenatural da religião cristã por influência do Iluminismo, mas NUNCA o protestantismo histórico! Sem o sobrenatural o cristianismo morre, pois a centralidade da mensagem apostólica está na morte e no milagre da ressurreição de Cristo.

Quanto ao sagrado, o conceito teológico de dicotomia sagrado-secular é antibíblico. Os reformadores derrubaram a noção de que sacerdotes romanos exerciam um trabalho mais santo do que um trabalhador comum. Todos os aspectos da vida são de Deus. “A ação de um pastor em guardar ovelhas... é um trabalho tão bom diante de Deus como a ação de um juiz ao sentenciar, ou um magistrado ao regulamentar, ou de um ministro ao pregar”. (William Perkins)

O Protestantismo Ortodoxo reconhece Deus no mundo, deve haver um desejo de servir Deus no mundo, em cada posição da vida.


15. O individualismo protestante conduziu à privatização do Cristianismo, por meio do que é pouco respeitado em vida de sociedade e política, deixando o “quadro público” estéril de influência Cristã.

Objeção 15. Sem o Protestantismo o livre desenvolvimento das nações, como visto na Europa e América do Norte, teria sido impedido. A velha hierarquia romanista não foi páreo para o reavivamento da ciência e da arte promovido pelo Protestantismo da Europa Ocidental. A influência Calvinista produziu filantropia e engrandeceu os valores morais na sociedade e na política do Ocidente.

O Protestantismo Calvinista influenciou poderosamente a civilização Ocidental. A fundamentação dos estados liberais modernos que sustentam a economia mundial é derivada do Protestantismo. O princípio da autoridade estatal descentralizada, educação pública gratuita, governo representativo e economia capitalista de livre mercado.

O pensamento calvinista é também uma das bases do estilo de vida pós-medieval. Valorização do trabalho, modelo de organização com poder descentralizado, valores cristãos e sacerdotais na vida comum, valorização do indivíduo e políticas anti-clericais são encontradas em seu pensamento e estão muito presentes no estilo ocidental moderno e atual. [http://cowboypopgun.web.br.com/2009/07/07/joao-calvino-500-anos/]

No cenário de formação do Novo Mundo, o Calvinismo é responsável pela fundação dos EUA, um país que foi construído essencialmente por calvinistas.
O calvinismo também é conhecido pela ênfase na educação. A Genebra influenciada por Calvino foi pioneira em iniciativas de educação universal. Calvino foi fundador da Universidade de Genebra e os calvinistas pelo mundo fundaram muitas outras universidades de prestígio, entre elas a Universidade de Princeton, a Universidade de Harvard e a Universidade de Yale.



16. A falsa dicotomia secular protestante conduziu cristãos a se comprometerem, em geral, com políticas vazias. O Catolicismo oferece um vigamento no qual chega a responsabilidade estatal e cívica.

Objeção 16. Responsabilidade estatal e cívica não é privilégio nem exclusividade do Catolicismo Romano. O Protestantismo Ortodoxo exalta a Liberdade Cristã e a Liberdade de Consciência. Isto implica em dizer o que assevera a Confissão de Fé de Westminster (cap. 20, § 2,4):

Só Deus é senhor da consciência, e ele deixou livre das doutrinas e mandamentos humanos que em qualquer coisa, sejam contrários à sua palavra ou que, em matéria de fé ou de culto estejam fora dela. Assim crer tais doutrinas ou obedecer a tais mandamentos como coisa de consciência é trair a verdadeira liberdade de consciência; e requerer para elas fé implícita e obediência cega e absoluta é destruir a liberdade de consciência e a mesma razão.
Rom. 14:4, 10; Tiago 4:12; At. 4:19, e 5:29; Mat. 28:8-10; Col. 2:20-23; Gal. 1: 10, e 2:4-5, e 4:9-10, e 5: 1;. Rom, 14:23; At. 17:11; João 4:22; Jer. 8:9; I Ped. 3: 15.

Visto que os poderes que Deus ordenou, e a liberdade que Cristo comprou, não foram por Deus designados para destruir, mas para que mutuamente nos apoiemos e preservemos uns aos outros, resistem à ordenança de Deus os que, sob pretexto de liberdade cristã, se opõem a qualquer poder legítimo, civil ou religioso, ou ao exercício dele. Se publicarem opiniões ou mantiverem práticas contrárias à luz da natureza ou aos reconhecidos princípios do Cristianismo concernentes à fé, ao culto ou ao procedimento; se publicarem opiniões, ou mantiverem práticas contrárias ao poder da piedade ou que, por sua própria natureza ou pelo modo de publicá-las e mantê-las, são destrutivas da paz externa da Igreja e da ordem que Cristo estabeleceu nela, podem, de justiça ser processados e visitados com as censuras eclesiásticas.
I Ped. 2:13-16; Heb. 13:17; Mat. 18:15-17; II Tess.3:14; Tito3:10; I Cor. 5:11-13; Rom. 16:17; II Tess. 3:6.



17. O Protestantismo se apóia muito em meras tradições de homens (toda denominação origina da visão de um fundador. Assim que dois ou mais destes se contradizem um ao outro, o erro está presente).

Objeção 17. Por princípio o Protestantismo não apoia-se em meras tradições de homens. A autoridade deriva das Escrituras e não depende nem de homens nem da Igreja, assim observa a CFW, cap. 1, § 4, 10:

A autoridade da Escritura Sagrada, razão pela qual deve ser crida e obedecida, não depende do testemunho de qualquer homem ou igreja, mas depende somente de Deus (a mesma verdade) que é o seu autor; tem, portanto, de ser recebida, porque é a palavra de Deus.

II Tim. 3:16; I João 5:9, I Tess. 2:13.

X. O Juiz Supremo, pelo qual todas as controvérsias religiosas têm de ser determinadas e por quem serão examinados todos os decretos de concílios, todas as opiniões dos antigos escritores, todas as doutrinas de homens e opiniões particulares, o Juiz Supremo em cuja sentença nos devemos firmar não pode ser outro senão o Espírito Santo falando na Escritura.
Mat. 22:29, 3 1; At. 28:25; Gal. 1: 10.


18. Igrejas protestantes, de um modo geral, são culpadas em colocar os pastores num pedestal muito alto. Por causa disso, congregações evangélicas experimentam uma severa crise, dividindo-se em outras quando um pastor vai embora, provando-se que suas filosofias e doutrinas são centradas no homem, em lugar de Deus.

Objeção 18. Não há pedestal mais alto do que o do Papa da igreja romana. O endeusamento do homem é um erro condenado pelo Protestantismo Ortodoxo. A Ética Protestante não apoia a exaltação de pastores, e sim a humildade do serviço e toda glória somente a Deus.


19. O Protestantismo, devido à falta da real autoridade e estrutura dogmática, vem se diluindo a cada dia, surgindo então milhares e milhares de denominações. Existem hoje, 33.800 denominações religiosas, cada uma ensinando coisas opostas às outras.

Objeção 19. Este é o preço da liberdade do livre-exame. A Igreja não só é uma instituição, mas como assevera a CFW cap. 25, § 1:

I. A Igreja Católica ou Universal, que é invisível, consta do número total dos eleitos que já foram, dos que agora são e dos que ainda serão reunidos em um só corpo sob Cristo, seu cabeça; ela é a esposa, o corpo, a plenitude daquele que cumpre tudo em todas as coisas.
Ef. 1: 10, 22-23; Col. 1: 18.

Nem todas as chamadas igrejas cristãs são de Cristo, pois a verdadeira Igreja tem suas marcas características, que são: a pregação fiel da Palavra, a correta ministração dos sacramentos e a disciplina eclesiástica. Este é o dogma da Igreja visível.

Como tal, a Igreja se apresenta sobre a terra como Congregações Locais de Crentes; grupos de Confessores vivendo em obediência a Cristo e não ao Papa, usurpador dos atributos de Cristo.



20. O Catolicismo retém a Sucessão Apostólica, necessária para saber o que é a verdadeira Tradição Apostólica. Era o critério da verdade usado pelos primeiros Cristãos.

Objeção 20. A Igreja Católica Romana não pode apoderar-se do que chama de verdadeira Tradição Apostólica quando a sua doutrina está crivada de erros grosseiros. Não há Primazia de Pedro como Papa, isto é um erro exegético primário. Pedro nunca foi Papa, nem este é o representante de Cristo na terra.

CFW, 25.6. Não há outro Cabeça da Igreja senão o Senhor Jesus Cristo; em sentido algum pode ser o Papa de Roma o cabeça dela, mas ele é aquele anticristo, aquele homem do pecado e filho da perdição que se exalta na Igreja contra Cristo e contra tudo o que se chama Deus.
Col. 1:18; Ef. 1:22; Mat. 23:8-10; I Ped. 5:2-4; II Tess. 2:3-4.


Por Raniere Menezes